Ricardo Bastos/Hoje em Dia
IMDC recebeu R$ 31 milhões pelo governo em 2010
Em Minas, IMDC celebrou 15 contratos em 2010 para atender a dois institutos e três secretarias

A entidade do terceiro setor investigada pela Receita e Polícia Federal por fraudar licitações em 11 estados recebeu, por intermédio do Governo de Minas, mais de R$ 31 milhões em 2010. Naquele ano, o Instituto Mundial de Desenvolvimento e Cidadania (IMDC) celebrou 15 contratos com dois institutos e três secretarias. 
 
 
O bloco de oposição na Assembleia Legislativa está colhendo assinaturas para instaurar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar esses contratos firmados com o Executivo estadual. O objetivo é investigar se os serviços foram prestados.
  
Parte da verba, cerca de R$ 21,5 milhões, refere-se à transferência da União, R$ 1,8 milhão de convênios e R$ 8,5 milhões de recursos ordinários.
  
Os serviços prestados pelo IMDC foram de construção de cisternas, cursos de formação e capacitação e consultoria.
  
O Instituto de Terras (Iter) fechou seis contratos com a ONG no valor total de R$ 1,7 milhão. Desse montante, três contratos foram pagos com recursos ordinários, um com recursos diretamente arrecadados e outros dois com convênios. 
 
 
Operação Grilo
  
Na época, o Iter estava sob a responsabilidade de Manoel Costa, ex-secretário de Regularização Fundiária que foi exonerado depois de envolvimento na operação Grilo, contra uma quadrilha de grileiros, em 2011.
O Instituto de Desenvolvimento do Norte e Nordeste de Minas (Idene) firmou sete contratos com o IMDC, em 2010, no valor de R$ 25,8 milhões. São cinco contratos com os programas ProJovem e Cidadão Nota Dez.
 
 O ProJovem foi a grande fonte de recursos do IMDC junto ao Ministério do Trabalho e culminou na prisão de um assessor e na demissão do número dois da pasta, Paulo Roberto Pinto. O IMDC também realizou projetos para as secretarias de Desenvolvimento Econômico e de Esportes e Juventude.
 
 Oscip renovada
 A secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (Seplag) renovou em julho o credenciamento do IMDC com a Oscip. 
Com a medida, a entidade pode contratar por mais três anos com o governo de Minas. 
 

Araçuaí: ex-prefeito Aécio Jardim se apresenta à Polícia Federal nesta sexta-feira

O ex-prefeito garante que o saque de R$ 755 mil de conta da Prefeitura de Araçuaí foi  repassado para o IMDC envolvido nas falcatruas 

Aécio Jardim nega participação no escândalo que desencadeou a Operação Esopo em vários estados do Brasil e cidades do norte de MG e Vale do Jequitinhonha para apurar desvio de verbas do Ministério do Trabalho através do IMDC.

O médico e ex-prefeito concedeu por telefone entrevista ao jornal Gazeta. Foto: arquivo

O ex-prefeito de Araçuai, no Vale do Jequitinhonha (MG) o médico Aécio Silva Jardim (PDT) vai se apresentar nesta sexta-feira (13.09) às 9 da manhã na sede da Polícia Federal em Belo Horizonte.
Ele está na capital mineira desde a tarde de quarta-feira,(11) quando, acompanhado de dois advogados se apresentou espontaneamente à Polícia Federal. “ O delegado que acompanha o caso, marcou para esta sexta-feira o meu depoimento”, disse Jardim . “Estou arrolado no processo como investigado, assim como os outros prefeitos que assinaram convênios com o IMDC. Nós somos a parte miúda de tudo isso e vou provar que nada fiz de errado”, disse ele.
Em entrevista  por telefone, ao jornal Gazeta , na tarde desta quinta-feira,  ele reagiu às notícias de que está foragido. “ Não foi expedido nenhum mandado de prisão contra mim e sim um mandado de busca e apreensão. A Polícia Federal esteve em minha casa em Araçuai e em Salinas, onde moro atualmente. Eles procuravam dólares e documentos oficiais. Vasculharam tudo. Nada foi encontrado porque eu não participei de nada disso. Tudo era passado diretamente para o IMDC-“ afirma o ex-prefeito.

O IMDC  Instituto Mundial de Desenvolvimento e Cidadania,  está no centro de um escândalo de desvio de verbas do Ministério do Trabalho e Emprego, do Turismo e Ciência e Tecnologia, que pode chegar a R$ 400 milhões.

Em Minas, as instituições envolvidas são a FIEMG - Federação das Indústrias de Minas Gerais, os órgãos estaduais IDENE e ITER, e as prefeituras de Araçuaíe Taiobeiras, no Vale do Jequitinhonha, São Francisco, Januária,São João da Ponte, no norte de Minas, e Caratinga, no leste de Minas.

O Governo de Minas recebeu mais de R$ 40 milhões, em 2010. Através do IDENE-Instituto de Desenvolvimento do norte de Minas e Vale do Jequitinhonha e ITER- Instituto de Terras de Minas Gerais, repassou recursos para as Prefeituras que repassavam para o IMDC desenvolver ações dos Programas Cidadão Nota Dez, PROJOVEM, Combate à Pobreza Rural, Medição de Terras e Cisternas de Captação de Água de Chuva.
A operação batizada de Esopo, foi deflagrada na última segunda-feira (9) e envolveu Ministério Público Federal, Controladoria  Geral da União (CGU) e Polícia Federal. Na segunda-feira, agentes da PF e da CGU levaram todos os documentos referentes ao convênio da prefeitura de Araçuai com o IMDC.
A operação que prendeu 22 pessoas, incluindo seis ex-prefeitos, provocou a queda de quatro pessoas no Ministério do Trabalho e Emprego, entre elas o número 2 da pasta, o secretário-executivo Paulo Roberto Pinto, filiado ao PDT.
Prefeitura de Araçuaí recebeu R$ 1,5 milhão. Aécio acusa o deputado federal Ademir Camilo como cabeça do esquema de desvios de R$ 400 milhões

Em 2010,o IMDC foi responsável pelo Programa Projovem em Araçuai, através de um convênio de R$1.5 milhão (um milhão e quintos mil reais), para executar  projeto de formação de mão de obra para pessoas de 19 a 29 anos. O programa apresentou várias irregularidades.
De acordo com o ex-prefeito, técnicos do Ministério do Trabalho e do IMDC acompanharam todo o processo.
Sobre o saque de  R$ 755 mil reais em uma conta do Banco do Brasil, Aécio Jardim afirmou que todo o dinheiro foi repassado para o IMDC.
“Nenhuma prefeitura faz esse tipo de saque.  Quando o dinheiro entrava na conta o pessoal do IMDC já ligava pedindo para fazer o repasse. Assim como os outros prefeitos eu também fui enganado. Como não aceitar um projeto para capacitar mais de mil jovens, com uma pequena contrapartida da prefeitura? Eu queria o que fosse de melhor para Araçuai”, disse ele.

Leia sobre o PROJOVEM, em Araçuaí, clicando aqui:
/desvio-de-verbas-pelo-imdc-frustrou.jovens.de.Araçuaí
O ex-prefeito apontou o deputado federal Ademir Camilo como intermediário de todo o programa. “ Como eu tenho divergências políticas  com o deputado, acabei não participando de nada, inclusive da aula inaugural  do Programa que fizeram em Araçuai, juntamente com o então ministro do Trabalho Carlos Lupi”, lembrou o ex-prefeito. O deputado nega as acusações.
O deputado Ademir Camilo teve 1.590 votos, em Araçuaí, nas eleições de 2010, apoiado por uma parte do grupo político do ex-prefeito Aécio Jardim que dividiu apoios com o deputado federal Fábio Ramalho (PV).
Sobre o envolvimento do seu nome no escândalo, Aécio Jardim foi categórico. “ O delegado da Polícia Federal disse para mim que todos os bandidos estão presos. Estou com minha consciência tranquila. Nunca desviei um tostão de prefeitura. A Polícia Federal já vasculhou a minha conta e de todos os meus familiares. Nada foi encontrado”, afirmou o ex-prefeito que estava de viagem marcada para o Uruguai, Argentina e Chile. “Não tenho mais condições psicológicas de viajar”, admitiu Aécio Jardim, reconhecendo estar decepcionado com a política. “Não quero mais saber disso”, finalizou.

Todos os ex-prefeitos presos ou indiciados nos esquema de corrupção estourado pela Polícia Federal procuram livrar suas caras e acusar outros do esquema. Um dos maiores envolvidos nos desvios de R$ 400 milhões do IMDC é o ex-chefe de Gabinete do ex-prefeito Aécio Jardim, Marcus Vinicius, também ex-assessor do Deputado federal Ademir Camilo(ex-PDT), mesmo partido de Aécio Jardim.
Fone: Gazeta de Araçuaí, com alterações
 
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