A TV Brasil estreia no dia 9 de abril, quarta-feira, às 23h, a série 
Expedições Burle Marx. Com quatro episódios, de 26 minutos cada, 
dirigidos pelo cineasta João Vargas, é uma parceria entre a TV Brasil e 
as produtoras Camisa Listrada e Atelier de Cinema. Os quatro episódios -
 Coleção, Paisagista, Botânico e Ambientalista – mostram não só o Sítio 
Roberto Burle Marx, em Barra de Guaratiba (RJ), que abriga uma das 
maiores coleções de plantas vivas do planeta, mas também o processo de 
criação de Burle Marx, as suas descobertas e obras mais importantes, 
além da preocupação com a preservação do meio ambiente, da flora e da 
fauna brasileiras.
 
 
 A série dá luz ao trabalho e ao legado de Roberto Burle Marx para o 
paisagismo contemporâneo. Durante mais de três décadas, Burle Marx, 
junto a sua equipe de arquitetos, botânicos e paisagistas, percorreu 
vários pontos do Brasil em busca de plantas com potencial ornamental e 
que pudessem ser utilizadas em jardins e parques do Brasil. Eram viagens
 pelo cerrado, pela mata atlântica, pela caatinga, pela Amazônia e pelo 
Pantanal. A série vai relembrar algumas das viagens e revisitar locais, 
como Angra dos Reis, Teresópolis e Petrópolis, no Estado do Rio de 
Janeiro. Minas Gerais, Espírito Santo e Amazonas não ficaram de fora e 
terão, por exemplo, Pedra Azul, Diamantina, Serra do Cipó, Bonito e 
Pancas na lista de locais revisitados.
 A narrativa de Expedições Burle Marx é conduzida pelos arquitetos e 
paisagistas José Tabacow e Oscar Bressane, que participaram das 
excursões originais. “A série é um dos trabalhos mais importantes feitos
 sobre Burle Marx até hoje, porque reproduz de forma detalhada um 
aspecto de sua história que nunca havia sido documentado, o das 
expedições para coletar plantas. Para mim foi uma experiência 
enriquecedora revisitar os lugares onde estivemos há 30, 40 anos”, 
afirma Tabacow. Burle Marx também foi artista plástico, pintor, escultor
 e cantor, mas o objetivo do diretor João Vargas foi mostrar o lado 
paisagista do artista, que o tornou reconhecido mundialmente. “O aspecto
 plástico dos jardins, com massas de cor, com gravuras, essa ligação, 
essa descoberta da flora tropical, o conhecimento da botânica como um 
sistema. Burle Marx criou um novo vocabulário botânico e hoje isso já 
faz parte do nosso dia a dia”, explica Vargas.
 Os episódios exibem fotos das excursões e imagens em Super 8 e Vídeo 8 
feitas por José Tabacow e pelo colega Haruyoshi Ono. Ambos começaram a 
trabalhar no escritório de Burle Marx em 1968, como estagiários. Tabacow
 se tornou diretor do Sítio Roberto Burle Marx após sua morte e Haru 
ficou responsável pelo escritório Burle Marx & Cia. A série ajuda a 
compreender como Burle Marx transformava os espaços em um conjunto de 
sensações físicas e sensoriais; como ele se expressava através das mais 
variadas composições de cores, volumes, texturas, caminhos, luz e 
sombra; toda a pesquisa por trás da arquitetura paisagística, bem como 
seu lado imponderável.
 As Expedições
João Vargas explica que a ideia da série Expedições Burle Marx era não apenas refazer os trajetos com pessoas que trabalharam com Roberto Burle Marx, mas também recriar um pouco o clima, aquela disposição para conhecer e observar biomas diversos. “É incrível o entusiasmo dos paisagistas ao voltar àqueles locais e rever a mesma planta, como se estivessem revendo um velho amigo! Tivemos 45 dias de gravações diluídos ao longo de um ano, por causa das floradas das plantas. Tivemos que obedecer a natureza, o tempo natural”, acrescenta.
 Da década de 1980 pra cá, muita coisa mudou. “Pudemos perceber grandes 
alterações principalmente na Amazônia e no Pantanal”, lamenta Tabacow. 
“Quando fomos pela primeira vez ao Pantanal, as cidades eram pouco mais 
que vilarejos. Passamos a noite ouvindo um concerto de sapos em um brejo
 grande, onde hoje não existe mais nada”. Para Bressane, também foi uma 
grande satisfação poder reviver a experiência. “As excursões abriram 
meus horizontes quando comecei a trabalhar”, explica. Ele se surpreendeu
 com o estado de conservação de algumas regiões, como Pancas, no 
Espírito Santo. “Foi um presente reencontrar uma espécie que não via há 
32 anos na natureza”, referindo-se à Merianthera burle-marxii. “A 
paisagem de Diamantina à Serra do Cipó também é insuperável!”, completa.
 Por outro lado, Bressane ficou desapontado com a devastação causada por
 uma mineradora em Conceição do Mato Dentro e com o asfaltamento da 
Estrada Real entre Diamantina e Milho Verde. “A mineração é uma 
atividade altamente predatória, muda o jeito das pessoas, a dinâmica, 
não deixa nada para o lugar. Não gostei nem um pouco de ter visto isso. E
 também achei uma pena que esse trecho da Estrada Real vai ser 
asfaltado. Você sabe que o asfalto muda totalmente o lugar.”
 Sobre Roberto Burle Marx
Roberto Burle Marx nasceu em São Paulo, em 1909, e mudou-se com a família para o Rio de Janeiro em 1913. Estudou artes plásticas, mas foi como paisagista que conquistou reconhecimento mundial. Sua paixão pelas plantas começou cedo. Aos sete anos já tinha uma pequena coleção, quando ganhou uma Alocasia cuprea. Segundo ele, a emoção foi tão grande que mal conseguiu dormir. Durante uma temporada na Alemanha para estudar pintura, ficou encantado pela coleção de plantas brasileiras do Jardim Botânico de Dahlen, em Berlim, que serviu de inspiração para sua própria coleção e para seus projetos. Em 1932, foi convidado por Lúcio Costa para fazer seu primeiro jardim em uma residência em Copacabana, no Rio de Janeiro. Em 1934, como diretor de Parques e Jardins em Pernambuco, começou a fazer jardins públicos.
 
 
 Foi em 1949, que Burle Marx adquiriu o sítio de 365 mil m² em Barra de 
Guaratiba, no Rio. Hoje a propriedade abriga uma das coleções de plantas
 tropicais e semitropicais mais importantes do mundo. Tombada pelo 
IPHAN, possui cerca de 3.500 espécies, exemplares únicos das famílias 
Araceae, Bromeliaceae, Cycadaceae, Heliconiaceae, Marantaceae, Palmae e 
Velloziaceae. Burle Marx realizou mais de dois mil projetos 
paisagísticos no Brasil, como o Parque do Flamengo e o calçadão de 
Copacabana, no Rio de Janeiro; os jardins do Palácio do Itamaraty, em 
Brasília, e da Pampulha, em Belo Horizonte; e o Parque do Ibirapuera, em
 São Paulo. No exterior, criou o Parque Generalisimo Francisco de 
Miranda, em Caracas (Venezuela); os jardins da Embaixada do Brasil, em 
Washington D.C. (EUA) e o Parque Kuala Lumpur, na Malásia, entre outros.
 Faleceu no próprio sítio, em 4 de junho de 1994, aos 84 anos de idade.
 Expedições Burle Marx – estreia no dia 9 de abril, às 23h, na TV Brasil.
EBC 
 
 
 

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