Por Igor Dias
Nada mais
maldoso do que os comentários dos ativistas quando o assunto é a
polícia. Chegam a falar mais mal da polícia do que dos políticos
contra quem conduzem suas manifestações. Manifestações estas das
mais legítimas! Lutar contra a corrupção, contra o enriquecimento
das grandes empresas que corroem o salário das classes mais baixas,
contra a intolerância ao racismo e a atos desumanos. É legítima a
manifestação pacífica da população para solicitar seus direitos.
Mas onde fica a linha divisória entre o meu direito de manifestar e
o direito dos outros?
Assisti a
grande parte da cobertura pela TV Record mostrando o auge da
verdadeira guerra que se tornou o centro de São Paulo. O que vi foi
um confronto armado de ambas as partes (polícia e manifestantes).
Enquanto bombas de efeito moral saltavam em direção aos
manifestantes, coquetéis molotov e bombas da própria polícia eram
atirados pelos manifestantes contra os policiais. Vi um grupo pequeno
de policiais sendo cercado pela multidão que lhes atiravam pedras,
pedaços de pau, garrafas e outros objetos, enquanto um único
manifestante tentava segurar a multidão que tentava agredi-los.
Um
policial foi cercado e apedrejado por uma multidão que gritava
“lincha, mata, toma a arma dele”.
Pelo
facebook, manifestantes xingavam a polícia por ter agredido um
repórter. Fiquei sem entender a situação até que nos noticiários,
foi mostrada a ação do jornalista que derrubou um capacete policial
e o chutou, sendo perseguido pelos policiais e preso, mas mesmo
assim, resistia com toda a sua força a prisão.
O
noticiário informou sobre os feridos entre policiais e
manifestantes. Apenas um estava ferido gravemente: um policial.
Vi também
um homem que se apresentou aos repórteres alegando que voltava do
trabalho quando foi atingido por um tiro de bala de borracha. Não
havia gravações.
Também
foram mostradas depredações, pichações e vários tipos de
agressões por todas as partes.
Enfim,
não tratarei aqui dos exageros cometidos por policiais e
manifestantes para não cometer injustiças nem com um nem com outro,
pois nem todos os manifestantes foram criminosos nem todos os
policiais cometeram abusos.
Analisando
as atribuições da polícia militar temos que: Art. 144 … § 5º
- às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação
da ordem pública;
Quem
conhece a cidade de São Paulo sabe o caos que é o trânsito. Agora
imagina o caos desse trânsito somado a paralisação de avenidas
principais do centro da cidade? Multiplicamos o caos resultante pela
depredação do patrimônio público e privado. Ai está o caos da
ordem pública. A manifestação é legítima? É! Mas e as pessoas
que estão saindo cansadas após a exaustão do serviço naquela
cidade? E as pessoas que estavam se deslocando para o serviço ou
estudo naquele momento? E os donos dos patrimônios privados que
foram depredados e pichados pelos manifestantes? Sem contar a
depredação do próprio patrimônio público que é pago por nós!
Eles quebram e pagam de volta.
Com
isso já chegamos ao primeiro ponto: a polícia nada mais fazia do
que o seu trabalho que inicialmente seria a desobstrução das vias
públicas e a tentativa de impedir os crimes cometidos por alguns dos
manifestantes disfarçados no meio da multidão. Geralmente, a
polícia apenas acompanha a manifestação para, inclusive, proteger
os manifestantes. Quando a manifestação afeta por demais a ordem
pública, é determinada a dispersão da multidão pelo superior
hierárquico que segue linha até o Governador do Estado. Sendo
determinado aos policiais através de ordem legítima, estes são
obrigados a cumprir sob pena de prisão por desobediência. Então
iniciam a dispersão através do uso de spray de pimenta, bombas de
gás lacrimogênio e efeito moral. O interesse dos policiais não é
o confronto e a agressão com os manifestantes até porque estão em
menor número. O uso do gás é para não causar a integridade física
dos manifestantes. Querem apenas a dispersão e inclusive suas
formações cedem espaço para que os manifestantes deixem o local ao
invés de acuá-los. Com a revolta da população contra a polícia,
estes tem de usar de mecanismos mais ofensivos como as balas de
borracha. É até uma questão de legítima defesa dos policiais.
Afinal, os manifestantes também querem defender o direito de agredir
os policiais?
E
ninguém fala nada da mídia que descaracterizou uma manifestação
tão bonita mostrando apenas a pancadaria promovida pelos vândalos e
os supostos abusos promovidos pela polícia.
Cadê
a crítica em cima da postura do prefeito e dos grandes lucros das
empresas de ônibus que cobram caro da sociedade e investem muito
pouco em infraestrutura, superlotando ônibus que levam ao perigo a
vida daqueles que nele trafegam?
Nisso
tudo até os manifestantes se alienam, se esquecem do propósito
central de sua revolta, a cobrança abusiva da tarifa de ônibus, e
partem pra cima da polícia que nada mais fazia que seu dever
constitucional. Considera o dever constitucional da polícia errado?
Então lutem pra mudar as leis e aguardem as consequências que virão
com o caos que se instalará quando for permitido que qualquer
manifestação feche todas as ruas que desejem e quebrem tudo o que
der vontade.
E
lembrem-se de uma coisa também senhores ativistas: a polícia também
é cidadão e precisa pegar ônibus, mas se não cumprirem a ordem de
retomar a ordem pública, os senhores seriam capazes de libertá-los
da cadeia a que os policiais estariam sujeitos?
Não
defendo os policiais que cometeram abusos. A estes, torço para que
sejam identificados e que a justiça seja feita para eles como também
para os manifestantes.
Nem
todo manifestante é vândalo. Nem todo policial comete agressão
gratuita.
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