quarta-feira, 12 de junho de 2013

Por que o Bolsa Família desperta tanto ódio de classe?

Fátima Oliveira: Por que o Bolsa Família desperta tanto ódio de classe?

publicado em 11 de junho de 2013 às 10:40
É o maior e mais importante projeto antipobreza do mundo
Fátima Oliveira, em O TEMPO
Médica – fatimaoliveira@ig.com.br @oliveirafatima_
Eu não tinha a dimensão do ódio de classe contra o Bolsa Família. Supunha que era apenas uma birra de conservadores contra o PT e quem criticava o Bolsa Família o fazia por rancor de classe a Lula, ou algo do gênero, jamais por ser contra pobre matar a sua fome com dinheiro público.
Idiota ingenuidade a minha! A questão não é de autoria, mas de destinatário! Os críticos esquecem que a fome não é um problema pessoal de quem passa fome, mas um problema político. E Lula assumiu que o Brasil tem o dever de cuidar de sua gente quando ela não dá conta e enquanto não dá conta por si mesma. E Dilma honra o compromisso.
Estou exausta de tanto ouvir que não há mais empregada doméstica, babá, “meninas pra criar”, braços para a lavoura e as lidas das fazendas que não são agronegócios… E que a culpa é do Bolsa Família!
Conheço muita gente que está vendendo casas de campo, médias e pequenas propriedades rurais porque simplesmente não encontra “trabalhadores braçais” nem para capinar um pátio, quanto mais para manter a postos “um moleque de mandados”, como era o costume até há pouco tempo! E o fenômeno é creditado exclusivamente ao Bolsa Família.
Esquecem a penetração massiva do capitalismo no campo que emprega, ainda que pagando uma “merreca”, com garantias trabalhistas, em serviços menos duros do que ficar 24 horas por dia à disposição dos “mandados” da casa-grande, que raramente “assina carteira”. Eis a verdade!
Esquecem que a população rural no Brasil hoje é escassa. Dados do IBGE de setembro de 2012: a população residente rural é 15% da população total do país: 195,24 milhões.
Não há muitos braços disponíveis no campo, muito menos sobrando e clamando por um prato de comida, gente disposta a alugar sua força de trabalho por qualquer tostão, num regime de quase escravidão, além do que há outras ocupações com salários e condições trabalhistas mais atraentes do que capinar, “trabalhar de aluguel”, que em geral nem dá para comprar o “dicumê”. Dados de 2009 já informavam que 44,7% dos moradores na zona rural auferiam renda de atividades não agrícolas!
Basta juntar três pessoas de classe média que as críticas negativas ao Bolsa Família brotam como cogumelos. Após a boataria de 18 de maio, que o Bolsa Família seria extinto, esse assunto se tornou obrigatório. Fazem questão de ignorar que ele é o maior e mais importante programa antipobreza do mundo e foi copiado por 40 países – é uma “transferência condicional de renda” que objetiva combater a pobreza existente e quebrar o seu ciclo.
Atualmente, ajuda 50 milhões de brasileiros: mais de 1/4 do povo! E investe apenas 0,8% do PIB! Sem tal dinheiro, mais de 1/4 da população brasileira ainda estaria passando fome!
Mas há gente sem repertório humanitário, como as que escreveram dois tuítes que recebi: “Nunca vi tanta gente nutrida nas filas dos caixas eletrônicos para receber o Bolsa Família, até parecia fila para fazer cirurgia bariátrica”; e “Eu também nunca havia visto tanta gente rechonchuda reunida para sugar a bolsa-voto!”.
Como disse a minha personagem dona Lô: “Coisa de gente má que nunca soube o que é comer pastel de imaginação; quem pensa assim integra as hostes da campanha Cansei de Sustentar Vagabundo, que circulou nas eleições presidenciais de 2010”. São evidências de que há gente que não se importa e até gosta de viver num mundo em que, como escreveu Josué de Castro, em Geografia da Fome (1984): “Metade da humanidade não come e a outra não dorme com medo da que não come…”.

Fonte: Viomundo

COMENTÁRIO POR WILL NASCIMENTO

A mesma classe de burgueses e seus descendentes que alimentam o discurso contra o Bolsa-Família, sobrevivem as custas de um sistema econômico, que só ainda 'suspira' em cidade pequena por conta dos programas de transferência de renda. Verdade seja dita. O que seria do nosso comércio sem o dinheiro dos beneficiários do Bolsa-família e dos aposentados, que todo inicio de mês movimenta a cidade (principalmente os pequenos comércios)?. A verdade é que o país não quer produzir riquezas, mas sim pessoas ricas... O discurso contra o Bolsa-Família está proliferando porque os 'ingredientes' são históricos: Burguês que não quer perder a patente, mídia manipulada sustentada por burgueses com um grande pitada de povo alienado que não quer pensar e reproduz tudo o que a mídia mostra. 

Um comentário:

  1. O Bolsa Família seria um excelente programa se as pessoas não se perpetuassem com ela. Ela foi criada a titulo de auxilio para que as pessoas pudessem estudar e construir sua própria vida sem ficar usando do suor alheio anos e anos com os impostos de hospitais, escolas, estradas, etc. (J.K. precisou de bolsa família?) (Mandela precisou de bolsa familia?) (O Juiz pres do Supremo Tribunal Federal, precisou de bolsa família?) Ora! Por favor. Vamos ser realistas. Cristo disse: "Do suor de teu rosto comerás. Feliz serás e tudo te irá bem". Então, respeitemos, PELO MENOS a Cristo.

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