 
 
OPOSIÇÃO COMETE ERRO AO TENTAR BARRAR O MARCO CIVIL POR SER INICIATIVA DO GOVERNO, PORÉM O MARCO CIVIL FOI ELABORADO E BENEFICIA A SOCIEDADE 
Parlamentares da base governista conseguiram 
driblar resistência de PSDB e DEM. Agora, projeto será encaminhado para 
sanção presidencial
Por Redação
Na noite desta terça-feira (22), o Senado Federal aprovou o PL 
21/2014, que institui o Marco Civil da Internet. O projeto, agora, será 
encaminhado para a sanção da presidenta Dilma Rousseff. O marco 
regulatório deverá ser apresentado pela presidenta no NetMundial, evento
 que será realizado em São Paulo a partir desta quarta-feira (23).
Se na Câmara os maiores opositores da votação foram as empresas do 
setor; no Senado, quem se encarregou de tentar barrar o projeto foram o 
PSDB e o DEM, que pediram adiamento da sessão para análise do Marco 
Civil e possíveis alterações no texto final. No meio do embate, o 
senador Eduardo Braga (PMDB-BA), líder do governo, desistiu de uma 
emenda que sugeriu e que obrigaria o retorno do projeto à Câmara dos 
Deputados.
Braga pedia que, no artigo 10, ficasse explícito que as “autoridades 
administrativas” que podem ter acesso aos dados de internet fossem 
“delegados de polícia e o Ministério Público.”
Bate boca
Irritado com a manobra dos tucanos, o senador Lindberg Farias (PT-RJ)
 discutiu com o colega Aécio Neves (PSDB-MG). O petista afirmou que o 
PSDB ia cometer um “erro histórico” ao tentar barrar um projeto que era 
um desejo da sociedade brasileira. “O senador Aécio diz que quer 
conversar com os brasileiros, mas nenhum projeto mobilizou tanto a 
juventude brasileira quanto o Marco Civil. O PSDB vai entrar para a 
história votando contra essa urgência em um momento fundamental para o 
país”, afirmou Lindberg. Em resposta, Aécio afirmou que o petista 
“chegou atrasado” na sessão e que não teria “autoridade política e 
moral” para atacá-lo.
Aprovação 
A vitória só foi possível porque a base garantiu a inversão da pauta,
 que possibilitou a votação do projeto ainda hoje, com aprovação por 
ampla maioria, 46 votos a 15. Antes disso, no Senado, o que se viu foi 
um tenso embate; de um lado, governistas querendo votar rapidamente e, 
de outro, oposicionistas querendo 48 horas para analisar o projeto.
“Vou votar a favor do projeto, mas vou votar claramente uma matéria 
inacabada. O que estão fazendo aqui hoje é um absurdo, porque essa 
votação está sendo acelerada para que a presidenta possa apresentar a 
lei do Marco Civil como um troféu nesse evento. Não é dessa forma que se
 constrói um Brasil. Meu voto é pela aprovação do texto, mas com várias 
manifestações e ressalvas e o protesto para que o Senado deixe de 
trabalhar a reboque da Câmara. Para que o Congresso, como um todo, deixe
 de atuar tão atrelado ao governo”, afirmou o líder do DEM no senado, 
senador José Agripino Maia.
O relator do PL no Senado, senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), 
afirmava que era “urgente e preciso” aprovar o projeto. O capixaba foi 
acompanhado pelo senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), que se mostrou 
contrário ao adiamento proposto por PSDB e DEM. “Só vai beneficiar as 
teles e as grandes corporações, que vão conseguir mais tempo para 
incluir no texto o que quiserem”, disse o parlamentar.
Conheça os principais pontos do Marco Civil
Neutralidade na rede
O princípio da neutralidade diz que a rede deve ser igual para todos, 
sem diferença quanto ao tipo de uso. Assim, ao comprar um plano de 
internet, o usuário paga somente pela velocidade contratada e não pelo 
tipo de página que vai acessar. Ou seja: o usuário poderá acessar o que 
quiser, independente do tipo de conteúdo. Paga, de acordo, com o volume e
 velocidade contratados.Em acordo com a oposição ao governo, o texto na 
Câmara aprovado e confirmado no Senado, prevê que a neutralidade será 
regulamentada por meio de decreto após consulta à Agência Nacional de 
Telecomunicações e ao Conselho Gestor da Internet (CGI).
Privacidade na web
Além de criar um ponto de referência sobre a web no Brasil, o Marco 
prevê a inviolabilidade e sigilo de suas comunicações. O projeto de lei 
regula o monitoramento, filtro, análise e fiscalização de conteúdo para 
garantir o direito à privacidade. Somente por meio de ordens judiciais 
para fins de investigação criminal será possível ter acesso a esses 
conteúdos.
Outro ponto da proposta garante o direito dos usuários à privacidade , 
especialmente à inviolabilidade e ao sigilo das comunicações pela 
internet. O texto determina que as empresas desenvolvam mecanismos para 
garantir, por exemplo, que os e-mails só serão lidos pelos emissores e 
pelos destinatários da mensagem. O projeto assegura proteção a dados 
pessoais e registros de conexão e coloca na ilegalidade a cooperação das
 empresas de internet com órgãos de informação estrangeiros.As empresas 
que descumprirem as regras poderão ser penalizadas com advertência, 
multa, suspensão e até proibição definitiva de suas  atividades. E ainda
 existe a possibilidade de penalidades administrativas, cíveis e 
criminais.
Logs ou registros de acessos
Segundo o Marco Civil, os provedores de conexão são proibidos de 
guardar os registros de acesso a aplicações de internet. Ou seja, o seu 
rastro digital em sites, blogs, fóruns e redes sociais não ficará 
armazenado pela empresa que fornece o acesso. Mas, pelo artigo 15 do PL,
 toda empresa constituída juridicamente no Brasil (classificada como 
provedora de aplicação) deverá manter o registro desse traço por seis 
meses. Elas também poderão usá-lo durante esse período nos casos em que 
usuário permitir previamente. Mesmo assim, são proibidas de guardar 
dados excessivos que não sejam necessários à finalidade do combinado com
 o usuário.
Data centers fora do Brasil
O relator do projeto retirou do texto a exigência de data centers no 
Brasil para armazenamento de dados. Um data center é uma central de 
computadores com grande capacidade de armazenamento e processamento de 
dados onde ficam, normalmente, os arquivos dos sites, e-mails e os logs 
de acesso. Com as denúncias de espionagem eletrônica feita pelos Estados
 Unidos, o governo brasileiro tinha proposto o armazenamento de dados 
somente em máquinas dentro do território brasileiro, mas essa obrigação 
saiu do texto aprovado.
 
 
 

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