quarta-feira, 23 de abril de 2014

Histórico: Senado aprova Marco Civil da Internet

Histórico: Senado aprova Marco Civil da Internet

OPOSIÇÃO COMETE ERRO AO TENTAR BARRAR O MARCO CIVIL POR SER INICIATIVA DO GOVERNO, PORÉM O MARCO CIVIL FOI ELABORADO E BENEFICIA A SOCIEDADE


Parlamentares da base governista conseguiram driblar resistência de PSDB e DEM. Agora, projeto será encaminhado para sanção presidencial
Por Redação
Na noite desta terça-feira (22), o Senado Federal aprovou o PL 21/2014, que institui o Marco Civil da Internet. O projeto, agora, será encaminhado para a sanção da presidenta Dilma Rousseff. O marco regulatório deverá ser apresentado pela presidenta no NetMundial, evento que será realizado em São Paulo a partir desta quarta-feira (23).
Se na Câmara os maiores opositores da votação foram as empresas do setor; no Senado, quem se encarregou de tentar barrar o projeto foram o PSDB e o DEM, que pediram adiamento da sessão para análise do Marco Civil e possíveis alterações no texto final. No meio do embate, o senador Eduardo Braga (PMDB-BA), líder do governo, desistiu de uma emenda que sugeriu e que obrigaria o retorno do projeto à Câmara dos Deputados.
Braga pedia que, no artigo 10, ficasse explícito que as “autoridades administrativas” que podem ter acesso aos dados de internet fossem “delegados de polícia e o Ministério Público.”
Bate boca
Irritado com a manobra dos tucanos, o senador Lindberg Farias (PT-RJ) discutiu com o colega Aécio Neves (PSDB-MG). O petista afirmou que o PSDB ia cometer um “erro histórico” ao tentar barrar um projeto que era um desejo da sociedade brasileira. “O senador Aécio diz que quer conversar com os brasileiros, mas nenhum projeto mobilizou tanto a juventude brasileira quanto o Marco Civil. O PSDB vai entrar para a história votando contra essa urgência em um momento fundamental para o país”, afirmou Lindberg. Em resposta, Aécio afirmou que o petista “chegou atrasado” na sessão e que não teria “autoridade política e moral” para atacá-lo.
Aprovação 
A vitória só foi possível porque a base garantiu a inversão da pauta, que possibilitou a votação do projeto ainda hoje, com aprovação por ampla maioria, 46 votos a 15. Antes disso, no Senado, o que se viu foi um tenso embate; de um lado, governistas querendo votar rapidamente e, de outro, oposicionistas querendo 48 horas para analisar o projeto.
“Vou votar a favor do projeto, mas vou votar claramente uma matéria inacabada. O que estão fazendo aqui hoje é um absurdo, porque essa votação está sendo acelerada para que a presidenta possa apresentar a lei do Marco Civil como um troféu nesse evento. Não é dessa forma que se constrói um Brasil. Meu voto é pela aprovação do texto, mas com várias manifestações e ressalvas e o protesto para que o Senado deixe de trabalhar a reboque da Câmara. Para que o Congresso, como um todo, deixe de atuar tão atrelado ao governo”, afirmou o líder do DEM no senado, senador José Agripino Maia.
O relator do PL no Senado, senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), afirmava que era “urgente e preciso” aprovar o projeto. O capixaba foi acompanhado pelo senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), que se mostrou contrário ao adiamento proposto por PSDB e DEM. “Só vai beneficiar as teles e as grandes corporações, que vão conseguir mais tempo para incluir no texto o que quiserem”, disse o parlamentar.


Conheça os principais pontos do Marco Civil
Neutralidade na rede
O princípio da neutralidade diz que a rede deve ser igual para todos, sem diferença quanto ao tipo de uso. Assim, ao comprar um plano de internet, o usuário paga somente pela velocidade contratada e não pelo tipo de página que vai acessar. Ou seja: o usuário poderá acessar o que quiser, independente do tipo de conteúdo. Paga, de acordo, com o volume e velocidade contratados.Em acordo com a oposição ao governo, o texto na Câmara aprovado e confirmado no Senado, prevê que a neutralidade será regulamentada por meio de decreto após consulta à Agência Nacional de Telecomunicações e ao Conselho Gestor da Internet (CGI).

Privacidade na web
Além de criar um ponto de referência sobre a web no Brasil, o Marco prevê a inviolabilidade e sigilo de suas comunicações. O projeto de lei regula o monitoramento, filtro, análise e fiscalização de conteúdo para garantir o direito à privacidade. Somente por meio de ordens judiciais para fins de investigação criminal será possível ter acesso a esses conteúdos.
Outro ponto da proposta garante o direito dos usuários à privacidade , especialmente à inviolabilidade e ao sigilo das comunicações pela internet. O texto determina que as empresas desenvolvam mecanismos para garantir, por exemplo, que os e-mails só serão lidos pelos emissores e pelos destinatários da mensagem. O projeto assegura proteção a dados pessoais e registros de conexão e coloca na ilegalidade a cooperação das empresas de internet com órgãos de informação estrangeiros.As empresas que descumprirem as regras poderão ser penalizadas com advertência, multa, suspensão e até proibição definitiva de suas  atividades. E ainda existe a possibilidade de penalidades administrativas, cíveis e criminais.
Logs ou registros de acessos
Segundo o Marco Civil, os provedores de conexão são proibidos de guardar os registros de acesso a aplicações de internet. Ou seja, o seu rastro digital em sites, blogs, fóruns e redes sociais não ficará armazenado pela empresa que fornece o acesso. Mas, pelo artigo 15 do PL, toda empresa constituída juridicamente no Brasil (classificada como provedora de aplicação) deverá manter o registro desse traço por seis meses. Elas também poderão usá-lo durante esse período nos casos em que usuário permitir previamente. Mesmo assim, são proibidas de guardar dados excessivos que não sejam necessários à finalidade do combinado com o usuário.
Data centers fora do Brasil
O relator do projeto retirou do texto a exigência de data centers no Brasil para armazenamento de dados. Um data center é uma central de computadores com grande capacidade de armazenamento e processamento de dados onde ficam, normalmente, os arquivos dos sites, e-mails e os logs de acesso. Com as denúncias de espionagem eletrônica feita pelos Estados Unidos, o governo brasileiro tinha proposto o armazenamento de dados somente em máquinas dentro do território brasileiro, mas essa obrigação saiu do texto aprovado.

EBC

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